Janeiro 17, 2025

Minuto da consciência crítica: Autoritarismo, neocolonialismo e teocracia no neoliberalismo Destaque

De acordo com o debate contemporâneo das ciências sociais, o neoliberalismo toma o mercado como o modelo segundo o qual a sociedade deve ser construída politicamente.

A capacidade normativa do mercado está ligada às suas relações de concorrência, que necessariamente têm como resultado a desigualdade, e não tanto as trocas, que, ao menos em termos
formais, supõem a igualdade.

Por isso mesmo, a concorrência estaria sempre ameaçada. Ela não seria um dado da natureza, mas um mecanismo frágil que demanda sua construção política.

Eis então a primeira linha estratégica do neoliberalismo: a construção jurídica e institucional de mercados blindados das demandas da democracia de massa.

Não se trata, portanto, de Estado mínimo, mas de uma nova racionalidade política que promove um papel estatal bastante ativo e uma nova forma de organização interna.

O Estado neoliberal pode, inclusive, crescer e se expandir desde que justifique suas medidas em nome da competitividade.

Em um documento elaborado pela Heritage Foundation com propostas conservadoras para o novo governo Trump, a não intervenção estatal no social é justificada da seguinte maneira: quando os pais fundadores da América escreveram na

Declaração de Independência que todo homem é criado igual" e agraciado por Deus com O direito à "vida, liberdade e busca da felicidade", essa felicidade deve ser concebida como “bem-aventurança”

Haveria, assim, uma determinação para o autogoverno, o direito inalienável de cada um guiar a si mesmo e sua comunidade à melhor vida possível.

O problema com as políticas sociais e com o dirigismo econômico é justamente que eles substituiriam de maneira ilegítima o lócus de autogoverno dos indivíduos (família, empresa, religião e comunidade) por decisões tomadas por elites de "especialistas”.

O papel do Estado, segundo os conservadores americanos, seria então de zelar por esses valores religiosos contra os "inimigos internos" da liberdade (wokes); estabelecer formas de regulação pró-mercado que garantam a liberdade econômica; e reforçar
politicamente os grupos sociais de autogoverno, transferindo a formação dos sujeitos econômicos da esfera estatal para a privada.

O neoliberalismo conservador ou reacionário oferece, portanto, um fundamento religioso autoritário para a estratégia neoliberal de blindagem jurídico-institucional dos mercados no âmbito estatal nacional, convertendo a luta contra a democracia social em uma guerra santa.

O neoliberalismo conservador aposta na blindagem teocrática dos mercados, enquanto propõe a eliminação da economização do social e das políticas de transição energética, transferindo o papel de formação dos sujeitos de mercado para a moralizacao privada.

Com isso, favorecem os setores mais ambientalmente predatórios do capital.

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● Fonte: página no Instagram da revista Cult.

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