Março 31, 2025

Minuto da consciência crítica programa de formação política: Os telefones geram ansiedade - assim como as crises do capitalismo Destaque

Enquanto psicólogos culpam os smartphones por nossa crise de saúde mental, eles ignoram décadas de declínio econômico e crescente desigualdade.

Seu foco estrito em tecnologia desvia a atenção das mudanças políticas e sistêmicas necessárias para lidar com um problema muito mais profundo.

Reduzir a saúde mental ao resultado de algumas variáveis segue uma lógica tecnocrática que obscurece a sociedade e drena o significado da própria política.

Devido ao trabalho dos psicólogos best-sellers Jean Twenge e Jonathan Haidt, o que antes era considerado discutível tornou-se amplamente reconhecido: a saúde mental, especialmente entre os jovens, está se deteriorando em muitos países ocidentais.

As evidências dessa tendência são convincentes e aparecem nas taxas de medicação, diagnósticos e resultados de pesquisas.

Nos Estados Unidos, a taxa de suicídios aumentou 35% nas últimas duas décadas. Durante o mesmo período, a porcentagem de pessoas que classificaram sua saúde mental como "excelente" despencou de 43% para 31%.

Em 2024, 43% dos adultos relataram sentir-se mais ansiosos do que no ano anterior, um aumento de 37% em 2023 e 32% em 2022.

Essas tendências alarmantes devem levar a uma análise social intensa, mas o foco - tanto cientificamente quanto no discurso público - tem se estreitado cada vez mais para um único fenômeno: a disseminação das redes sociais.

Twenge e Haidt contribuíram para a identificação dessa lógica específica, principalmente com seus respectivos livros focados em tecnologia iGen e The Anxious Generation (A Geração Ansiosa).

A discussão já teve efeitos tangiveis, levando vários países europeus a implementar proibições de smartphones nas escolas. Embora eles não sejam necessariamente uma coisa ruim, está claro que a discussão tomou um rumo simplista, minimizando as dimensões políticas do declínio da saúde mental.

Embora representantes da disciplina psicológica como Twenge e Haidt tenham sido amplamente bem-sucedidos em reduzir a crise a uma discussão de variável única, o debate em curso sobre redes sociais deve ser entendido como um sintoma de uma crise mais profunda dentro da cultura terapêutica e dos modelos explicativos dominantes da medicina e psicologia clínica.

Para entender o porquê, vale a pena revisitar as visões mais amplas defendidas por profissionais de saúde mental não muito tempo atrás.

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● Fonte ●

Página no Instagram da revista Jacobin Brasil.

Autor: Roland Paulsen.

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